terça-feira, 1 de novembro de 2011

20 anos de Linux

Criado por um estudante finlandês, o sistema operacional tornou-se um verdadeiro símbolo da luta do capitalismo monopolista contra a liberdade de informação e a propagação do conhecimento para o conjunto da sociedade


Há 20 anos, Linus Torvalds criava o que hoje é o maior e mais importante software livre da atualidade, o Linux, sistema operacional gratuito e acessível para ser expandido, modificado e melhorado por usuários de todo o planeta.

A existência do Linux e dos seus inevitáveis derivados no mundo de hoje, com forte presença em todos os segmentos de informática, desde computadores a celulares, revela a enorme contradição existente entre o progresso tecnológico e o sistema econômico capitalista, baseado na propriedade privada.

Iniciado como um projeto despretensioso de um estudante da Universidade de Helsinque, o Linux gradualmente passou a ser adotado com uma intensidade cada vez maior devido à possiblidade de desenvolvimento coletivo da plataforma. Com o passar dos anos, a adoção do Linux por grandes empresas consolidou o desenvolvimento do sistema que hoje é um dos mais populares e conhecidos do mundo. Ele é utilizado por 70% do sistema financeiro global e é a base para a plataforma sobre a qual circula o maior tráfego de internet em grandes sites como Google e Facebook. Empresas como a IBM, Hewlett-Packard, Oracle, Google, Sun Microsystems, Red Hat, Novell e a Mandriva, entre muitas outras, adotaram o Linux como sistema operacional. "O Linux domina quase todas as categorias de computação, com a exceção do desktop", afirma o diretor executivo da Linux Foundation, Jim Zemlin.





A história do Linux começa em 1991. Então, o núcleo Linux, originalmente chamado “Freax” acabara de ser desenvolvido pelo finlandês Linus Torvalds, estudante do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Helsinki, que mantinha como um projeto pessoal a criação de um sistema operacional superior ao Minix, um software livre popular na época entre os programadores e amantes da computação. Conforme o próprio Torvalds afirmou, sua intenção era desenvolver "um Minix melhor que o Minix".

Seu projeto foi terminado e lançado em setembro de 1991, tendo 10.239 linhas de código. Ele disponibilizou, então, um mês mais tarde, a versão 0.02 do software para download na Internet.

Uma curiosidade é que o administrador do site ftp.funet.fi, dono do diretório FTP onde estava localizado o Freax, chamou o arquivo de Linux, nome que se tornou muito mais popular que "Freax", e que levou Linus Torvalds a mudar o nome de seu sistema para Linux.

Até então o Linux possuía uma licença de uso tradicional, seguindo os regulamentos da lei de direitos autorais que só permitia a alteração do produto por ele mesmo ou alguém autorizado mediante contrato. Foi apenas na versão 0.12, de fevereiro de 1992, que o Linux foi licenciado sob a GPL - General Public License com copyleft, princípio que o tornava um software livre, já que esta forma de registro impede que um produto que tenha sua licença de uso liberada possa ser novamente tornado um software proprietário.

O Linux é hoje um dos mais famosos, se não o mais famoso, software livre do mundo. Ele, porém, não foi o primeiro. Desde a década de 1970, programadores e desenvolvedores trabalham em sistemas de parceria e troca de informações. Este método de trabalho coletivo estava em franca contradição com o caráter individual da propriedade privada e sua correspondente, a propriedade intelectual, o registro de direito autoral. Uma forma de solucionar esta contradição foi a criação, em 1989, por ativistas de informática, de uma norma jurídica legal regulamentando um tipo de licença que burlava e neutralizava o controle de um software por um indivíduo, permitindo que outras pessoas, que não o desenvolvedor, alterassem livremente determinado software e divulgassem estas modificações para novas pessoas. Foram criadas aí as licenças de software livre e do rótulo copyleft.

O Linux nasceu, portanto, apenas dois anos mais tarde da aprovação da nova licença. Sua existência e popularidade expressam a enorme rejeição da população mundial à existência dos monopólios de informática, um reduzidíssimo grupo de empresas que constitui o principal obstáculo à troca de conhecimentos.

O problema que a penetração do sistema Linux coloca às claras vai mais longe do que isso. Ele é impulsionado pela contradição atroz do desenvolvimento incessante das forças produtivas da sociedade atual obrigada a seguir acorrentada por uma organização social que está em frontal oposição a este desenvolvimento. A solução do impasse passa diretamente pela destruição do capitalismo e da existência da propriedade privada.

Inicialmente, apenas programadores ou o pessoal especializado utilizavam o Linux. Aos poucos, porém, com as inúmeras melhorias a que o sistema foi submetido, mais e mais usuários passaram utilizá-lo como ferramenta de trabalho em detrimento dos softwares proprietários como a Microsoft, expandindo suas funções, desenvolvendo novos aplicativos, melhorando o que já havia, etc.

O software livre, bem como a música em formato “mp3” distribuída livremente, o download de filmes e imagens, e a Internet em si são fenômenos anômalos do capitalismo e revelam esta contradição pois, por princípio, são avessos ao controle monopolista da propriedade individual e do conhecimento, são veículos de conhecimento democráticos por natureza.

A adoção do sistema Linux até mesmo por grandes corporações capitalistas revela essa falência potencial do monopólio do conhecimento. A luta contra esta tendência está fadada ao fracasso. É isso que os vinte anos de existência de Linux deixou claro a todos.
Fonte: Causa operária Online

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